Programadora fala sobre mulheres na tecnologia em Ciclo de Palestras da Inova.me

Camila Achutti, fundadora do blog Mulheres na Computação, foi responsável pela última palestra do 1º semestre de 2014 no Ciclo de Palestras da Inova.me –  Empresa Júnior da FIAP. Sob o título “Vamos mudar o mundo com mulheres, empreendedorismo e tecnologia?”, ela trouxe a reflexão sobre a presença feminina no ambiente quase que totalmente masculino da tecnologia.

A palestrante lembrou que, ao entrar na graduação em Ciências da Computação, em 2010, era a única mulher da sala. “Quatro meninas foram aprovadas no meu ano: duas desistiram, uma foi estudar na Alemanha e tinha eu”, contou. Para contextualizar ainda mais sua ideia de evasão feminina no meio tecnológico, Camila afirma que 79% das mulheres que ingressam na graduação desistem do curso no primeiro ano e apenas 8% dos cargos executivos no mundo são ocupados por mulheres.

Visando inicialmente dar sua contribuição para mudar esse panorama, Camila contou que uma foto da primeira turma de Ciências da Computação da USP foi sua inspiração: “das 27 pessoas na imagem, 22 eram mulheres”. No Mulheres na Computação, ela compartilha novidades tecnológicas, projetos e eventos de tecnologia específicos para mulheres, vagas de emprego etc. No passado, contava com a participação de colaboradoras e lembra da vontade que tinham em deixar um legado: “eu e minhas amigas fazíamos releituras de assuntos sobre tecnologia que só homens escreviam para que houvesse uma referência feminina”. “Mulheres consomem muita tecnologia, mas não a produzem”, avalia.

De acordo com Camila, a pouca participação feminina na tecnologia se dá pela soma da desigualdade de gênero com o estereótipo do programador, que é sempre masculino. “Lidando com tecnologia estamos lidando com inovação o tempo todo. Portanto, precisamos de diversidade nos postos de trabalho”, pondera. Graças a esse trabalho de promoção à abertura de espaço para mulheres na tecnologia, em 2013 Camila foi convidada para ser a embaixadora brasileira do Technovation Challenge, um desafio de tecnologia só para meninas. “Uma das atividades deste evento são hackdays, nos quais um aplicativo completo tem que ser feito em algumas horas. As meninas ficavam doidas quando terminavam, diziam ‘é isso que é fazer tecnologia?’”, conta.

“É necessário otimizar o ambiente acadêmico e mudar o primeiro contato de mulheres com a programação. Com mais igualdade, educação e iniciativa podemos e vamos mudar o mundo”, afirma a palestrante, que também diz ter sido na FIAP a primeira vez em palestrou para uma plateia de maioria masculina. “Por serem quase que a totalidade neste meio, são vocês que podem promover a mudança”, conclui.