Bitcoins

24 de novembro de 2014
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Este é um assunto revolucionário que acaba trazendo à tona muitas polêmicas mas, por outro lado, representa muito para a tecnologia. No decorrer deste texto farei analogias e comparações a fim de facilitar a compreensão dos leitores que ainda não ouviram falar e querem saber sobre o assunto “bitcoin”, que nada mais é do que o nome atribuído para a moeda digital mais conhecida (existem outras na internet).

 

Assim como criaram o “euro” para estabelecer uma moeda única na Europa, ou pelo menos nos países europeus, o bitcoin foi criado para funcionar como moeda no mundo digital. Claro que não quero comparar, muito menos entrar no mérito dos impactos e motivos socioeconômicos de uma ou outra moeda, este não é um artigo voltado para ciências econômicas; a comparação se faz apenas para fins didáticos. Uma diferença, entre as muitas que existem entre as duas moedas, é que a ideia inicial do bitcoin foi a de ser aceita em qualquer lugar do mundo. Mas alguns países já proibiram a sua utilização, como por exemplo, a Rússia e a China. Por que proibiram? Provavelmente porque o bitcoin é uma moeda que não possui vínculos com bancos ou governos – diferentemente do euro, que possui instituições financeiras e governamentais que a regulamentam. O seu idealizador foi Satoshi Nakamoto (pseudônimo) que no ano de 2008 publicou informações sobre um sistema de pagamento eletrônico peer-to-peer, algo como ponto-a-ponto, sem qualquer necessidade e controle de autoridades centrais.

 

Para comprar ou vender os bitcoins devemos abrir uma “conta” em algumas empresas que realizam estas operações. É muito simples abrir esta conta, não há necessidade de nenhum documento – nem ao menos do CPF – e não há verificação quanto a restrições do nome da pessoa como SPC ou Serasa. Você recebe uma chave que representa a sua “carteira” de bitcoins e pronto. Ficou complicado? Pense no seguinte: estas empresas responsáveis por comprar e vender bitcoins funcionam como as empresas que compram e vendem ações. Você vê fisicamente as suas ações? Elas ficam em um cofre onde você possui uma chave, abre e pega literalmente nas ações? Pois ocorre a mesma coisa com os bitcoins – os pessimistas dizem que não é nada seguro, os otimistas dizem que é tão seguro quanto comprar ações ou deixar o dinheiro aplicado na poupança, em qualquer instituição financeira bancária.

 

Vamos lá: você abriu a conta, recebeu sua chave e comprou seus bitcoins. Caso sofra um ataque virtual no seu computador e a senha de sua carteira de bitcoins seja roubada, você não terá a quem recorrer, pois esse sistema não está vinculado a nenhuma instituição. Portanto, a pessoa que roubar sua chave poderá usar como e quando quiser os seus bitcoins. Mas isso também ocorre com as cédulas físicas que representam valores de qualquer moeda. Se você optar em deixar as suas cédulas na sua casa e alguém entrar e roubar, alguém irá lhe ressarcir? O ladrão poderá gastar o seu dinheiro? É o mesmo que ocorre com os bitcoins, caso você não opte em deixar sua chave no seu computador, você poderá deixar na empresa onde comprou os seus bitcoins, por exemplo.

 

Agora que você comprou, já possui a chave e já sabe onde pode guardá-la, você pode gastar como se fosse um cartão de débito: você entra no site do seu fornecedor, insere a sua chave, a sua transação será processada e o pagamento será realizado finalizando assim a sua compra.

 

Uma característica especial do bitcoin é que ele é uma moeda finita, ou seja, existe um limite de bitcoins que serão inseridos no mercado, 21 milhões de unidades, o que para alguns representa a possibilidade de valorização da moeda, pois na medida em que o conceito crescer e se difundir receberá uma valorização, uma vez que será procurado e somente poderá comprar de quem já o possuir. Podemos comparar este possível acontecimento com o petróleo – enquanto muitos países o possuem seu valor é bem mais flexível de ser adquirido por quem não possui, na proporção em que se torna escasso a aquisição passa a ser mais difícil e valorizada.

 

Outra grande questão é: onde posso gastar os bitcoins? Falando-se especificamente no cenário nacional, muitas empresas já aceitam o bitcoin como uma forma de pagamento (aqui colocarei algumas empresas que já aceitam o bitcoin). Apesar do alto valor do bitcoin (hoje gira em torno de R$ 1.600,00), a menor fração do bitcoin é chamado de “satoshi” algo como o nosso “centavo”, um “satoshi” é representado desta forma: 0,00000001 BTC, ou seja, um bitcoin é dividido em cem milhões de “satoshis”, desta forma podemos utilizar os bitcoins também para comprar produtos com baixo valor de mercado, como doces, lanches, cafés e etc.

 

Existem muitos assuntos ainda que poderiam ser explorados e apresentados como o caixa eletrônico de bitcoins, suas vantagens, vários projetos que facilitam doações, suas desvantagens, mercado negro do bitcoin, entre tantos outros.

 

Enfim, acredito que para cinco anos de existência o bitcoins já trouxe muitas discussões, colaborações, inovações, ideias, preocupações e etc, tudo o que uma nova tecnologia é capaz de causar dentro da nossa sociedade, principalmente uma tecnologia associada diretamente ao mundo financeiro e econômico, alguns especialistas afirmam que dentro de mais dez anos o bitcoins irá dominar as negociações financeiras na WEB, eu também acredito nesta vertente. Ajustes irão e devem acontecer, os governos dos países estão de olho, mas vale salientar que estão de olho não por questões de segurança do “seu bitcoins”, mas sim por questões dos tributos e o quão podem ser rentáveis aos cofres públicos. Ter a sua carteira de bitcoins no seu computador possui o mesmo nível de segurança do seu dinheiro dentro do seu bolso, ou seja, você deve tomar as precauções, não será nenhum órgão público ou lei do governo que fará isso por você. Os países que se proíbem negociações utilizando bitcoins deverão retroceder conforme a moeda for ganhando mais espaço e confiabilidade, aliás, acredito que este é o único motivo que fez com que esta moeda digital ainda não dominasse as negociações financeiras e se difundisse ainda mais rapidamente, esta confiabilidade será alcançada com os reconhecimentos e regulamentações que cada governo está estudando e viabilizando, como por exemplo, os EUA e a Alemanha. Faça um teste para acompanhar o crescimento do bitcoins nos estabelecimentos próximos a você, acesse o site http://www.coinmap.org/ e confira todos os locais próximos a sua residência ou trabalho que aceitam esta moeda digital.

 

Humberto de Sousa é coordenador dos cursos superiores de tecnologia em Redes de Computadores e Sistemas para Internet da FIAP. Mestrando em Ciências da Educação, pós-graduado em Banco de Dados, tecnólogo em Química, com sólida experiência como docente universitário nas disciplinas de Linguagem de Programação, Modelagem de Banco de Dados, Análise de Sistemas.

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