Qual seria o impacto se a Internet deixasse de existir?

Já pensaram se no lugar desta pergunta tivéssemos uma afirmação?  Sem dúvida, chega a me dar um frio na espinha e minha cabeça já ameaça ficar doendo ao imaginar que estaria novamente frequentando com maior assiduidade as filas intermináveis dos bancos, que ainda frequentaria locadoras de filmes com a preocupação em devolver o lançamento em 24 horas.

E sobre as pesquisas o que posso dizer? Inúmeras vezes precisamos de informações de maneira rápida  e não estou falando  somente de trabalhos escolares, mas de muitas situações dentro do nosso cotidiano. Já precisei  pesquisar sintomas de doenças para que pudesse tomar uma decisão mais eficiente e rápida respondendo a perguntas como: “É grave?”, “Qual o especialista?”, “Quais doenças estão relacionadas aos sintomas?”, ou ainda, quem  nunca pesquisou uma receita na internet?  Seja para cozinhar um prato diferente para uma visita ou até mesmo por questão de sobrevivência (meu caso).

Podemos perceber que muitas áreas seriam afetadas sem a internet nos dias atuais: educação, economia, lazer, entretenimento entre tantos outros segmentos. Por isso vamos analisar alguns dados:  se a internet deixasse de existir hoje, seria como dizimarmos o maior continente, em relação à população, do planeta. Estima-se que a internet é “habitada” por mais de 2 bilhões de pessoas. Com isso, muitas empresas estariam em uma situação difícil ou até mesmo impossível de sustentar – a começar pelos fabricantes de smartphones. Será que teriam a mesma venda e aceitação sem a internet? E a poderosa Google? E o país chamado Facebook, com seus mais de 900 milhões de habitantes?

Poderíamos citar inúmeras empresas que hoje dependem totalmente ou parcialmente da internet. Em uma dimensão multimídia, o conceito de “democratização do áudio e vídeo” também estaria com seus dias contados, a citar Youtube e Netflix.

Os bancos iriam passar por toda uma reformulação estratégica pois, segundo os dados de uma recente pesquisa realizada pela FEBRABAN(Federação Brasileira de Bancos), as transações bancárias via Internet Banking e mobile banking superaram qualquer outro meio de transação bancária já no ano de 2013, sendo responsáveis por 47% das movimentações bancárias. Hoje, as transações via internet são quatro vezes maiores quando comparadas às transações que ocorrem nas agências físicas.

Agora vamos falar de educação: o que as instituições fariam com seus cursos EaD? Voltaríamos a utilizar serviços de correio para o envio de vídeoaulas e/ou livros e apostilas? Muitas pessoas que não residem nos grandes centros urbanos voltariam mais uma vez a serem privadas de cursos que somente  são encontrados nas grandes cidades. As pessoas que moram em grandes centros urbanos, devido a fatores como meios de transportes e custo, também seriam no mínimo desestimuladas. Estamos falando de aproximadamente de 15% das matrículas que ocorrem em todo o Brasil nos cursos de graduação.

Poderíamos escrever um livro, caso houvesse essa ruptura. Muitos aspectos poderiam ainda ser discutidos e colocados sobre a mesa, como:  e-commerce, IoT (internet das coisas), os blogueiros consagrados na internet, a possibilidade de maior transparência na política como ocorreu nas últimas eleições para presidente dos EUA,  a qualidade das informações que já não seria mais de fácil acesso, o poder das redes sociais que deixariam de existir (relacionamento, criticidade, questionamento, pesquisa, alienação etc.).

Ainda bem, para mim e para os mais de 2 bilhões de habitantes da internet, que isso é apenas uma suposição, pois não vou negar que durante a elaboração deste texto, em diversos momentos, fiquei apavorado!

Humberto de Sousa Delgado é coordenador dos cursos superiores de tecnologia em Redes de Computadores e Sistemas para Internet da FIAP. Mestrando em Ciências da Educação, pós-graduado em Banco de Dados, tecnólogo em Química, com sólida experiência como docente universitário nas disciplinas de Linguagem de Programação, Modelagem de Banco de Dados, Análise de Sistemas.