Vencedora do Call to Innovation 2015 na SU – #2
Em uma das aulas, o assunto foi energia. Existe uma correlação direta entre o IDH e o consumo de energia elétrica per capta. As barreiras para o crescimento energético englobam a dificuldade de fornecer combustíveis de alta densidade (baseados em carbono ou fósseis) com baixo custo e, principalmente, os efeitos ambientais decorrentes do uso destes combustíveis.
O sol nos fornece 10 mil vezes mais energia do que o necessário para a civilização. Nesse sentido, o objetivo é que no futuro tenhamos 100% de energia solar, mas até lá há muito trabalho pela frente. “O governo deve utilizar políticas públicas para impulsionar a inovação. Os empreendedores precisam conversar com a comunidade e ajudá-los a entender as tecnologias para evitar resistências desnecessárias que só atrasam a evolução” ressaltou Mariana.
Na mesma aula, refletiram sobre o futuro da Internet, a neutralidade da rede, privacidade, uso de inteligência artificial e como a ética e as leis se relacionam com estas tecnologias exponenciais. “Tivemos uma experiência muito especial, utilizando uso o Google Cardboard que pode ser feito por qualquer pessoa, combinado com o aplicativo VRSE e o vídeo Clouds Over Sidra. Ele conta, através da realidade aumentada, a história de uma menina que vive em um dos campos de refugiados na Síria. Foi uma experiência incrível, me sensibilizei muito” contou Mariana.
Como prever o futuro da humanidade?
Um dos assuntos discutidos em aula por Paul Saffo foi futurologia e previsões. “Para ilustrar o conceito, ele nos levou para a área externa da faculdade e pediu para nos organizarmos em uma fila, começando do mais otimista para o mais pessimista. Depois disso, ele pediu para que as pessoas que acreditassem que o principal fator de mudança e gerador de impacto fosse o indivíduo andassem para frente até o limite da área de acordo com o grau de concordância. Aqueles que acreditassem que o principal fator influenciador fossem grupos, deveriam fazer o mesmo para trás. Rapidamente conseguimos criar um cenário. O objetivo foi mapear um cone de incerteza que englobasse as possibilidades. Crie cenários rapidamente, crie de novo, para ter uma visão mais sistêmica do que está acontecendo e do que pode vir a acontecer” explicou Mariana.
Segundo Paul Saffo, a previsão é a aplicação do senso comum. São mais bem-sucedidos aqueles que conseguem tomar decisão mais rápido com informações incompletas. É preciso disciplina e confiança na intuição. Além disso, é importante identificar as forças que trabalham nas mudanças: constantes (lei de Moore, Gravidade etc.), Ciclos e Novidades/Inovação. Coisas que nunca vimos antes e são difíceis de reconhecer pela falta de um padrão de referência. O segredo é procurar por coisas que não se encaixam.
Existem três tipos de impacto quando essas forças se cruzam: cross dumping – forças se cancelam -; cross accelerating – o futuro geralmente acontece mais tarde do que o esperado, mas neste caso parte dele chega antes e impulsiona outras mudanças depois – e cross amplifying, que vem no mesmo sentido e tem um pico muito maior de impacto. É importante considerar também o que chamamos de “Wildcards”, que são eventos que têm baixíssima probabilidade de acontecer, mas, caso ocorram, o impacto é muito grande.
“A maioria das previsões são falhas porque superestimamos a rapidez com que elas vão ocorrer. Este desapontamento faz com que nos afastemos dessas teorias, achando que erramos pouco antes delas acontecerem. Este é um erro muito comum para Startups quando falamos de timing. Nesse sentido, Saffo aconselha que olhemos para coisas que estão falhando já faz tempo para tentar entender a questão do tempo e quais são os fatores que levam a estas falhas. A recomendação é procurar por coisas que não se encaixam, questionar suas hipóteses” aconselha a vencedora.
Falando sobre ‘carne de laboratório’
O assunto seguinte foi o desafio global da comida. Vivemos em mundos paralelos: enquanto alguns têm acesso a maior sofisticação gastronômica, outros morrem de fome. Por outro lado, a obesidade nos EUA é considerada um caso de segurança nacional.
Nós precisamos de mais alimentos, mas nossa capacidade produtiva está sendo afetada pelas mudanças climáticas e pode ser reduzida em até 25%. A previsão da IHS Global Insight é de que em 2050 precisaremos de uma produção 70% maior do que a atual. Cerca de 1/3 dos alimentos são perdidos ou desperdiçados. Nos países mais desenvolvidos, o desperdício tende a ser ligado ao consumidor final, enquanto que nos menos desenvolvidos está relacionado à produção. As áreas identificadas para inovação no desafio da SU foram: acesso; preferência (preparação); estabilidade e utilização.
“Entre as tecnologias utilizadas no problema de alimentação foram destacadas: Microbots, Drones, Big Data, Carne in vitro, sensores, comida impressa em 3D, fazendas verticais, alimentos geneticamente modificados e nutrição personalizada. Para entender melhor esta realidade, conversamos com Mark Post, criador da carne in vitro. Para ele, a nossa paixão por carne é algo cultural, fomos criados para adorar carne e 18% dos gases do efeito estufa estão relacionados à produção de carne, que também consome muita água” contou Mariana.
Em 2050, a demanda por carne vai duplicar, o que é considerado insustentável. Assim, surgiu a ideia de produzir carne in vitro a partir de células tronco de bovinos. Esta solução consegue economizar cerca de 90% do uso de área de cultivo e água e 67% de energia quando comparado ao processo normal. “O custo de produção da carne in vitro ainda é alto, mas acredita-se que irá reduzir drasticamente com o aumento da popularidade e produção deste tipo de carne” conclui a vencedora.
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