Java – você ainda vai ouvir falar
Eduardo Endo*
Imagine uma pesquisa de rua com a seguinte questão: “O que é Java ?” Para a grande maioria das pessoas a primeira coisa que viria à mente seria algo em relação a uma ilha na Indonésia… Apesar desta informação não estar incorreta, estamos entrando em uma época em que a resposta para esta pergunta começa a mudar.
Além de nome de ilha, Java também é a denominação de uma tecnologia com mais de uma década de existência, que foi concebida na tentativa de criação de uma linguagem para controle de dispositivos. A princípio seu nome era outro, no caso, chamava-se “oak”. Desde a sua concepção, sua arquitetura seguia algumas premissas pré-estabelecidas. Uma aplicação escrita nesta linguagem deveria ser portável, isto é, funcionar em diversas plataformas, utilizar profundamente os conceitos de orientação a objetos e conter uma sintaxe muito próxima da linguagem C++.
O sucesso dessa linguagem em sua primeira versão não foi algo significativo. Porém, este cenário começou a se transformar com a explosão da Internet. Graças à sua característica de portabilidade, a tecnologia começou a se tornar padrão para utilização neste tipo de ambiente. A entrada do Java no mundo da Web trouxe mudanças profundas de paradigmas, uma vez que ele possibilitou a utilização de gráficos dinâmicos (mais conhecidos como Applets) na construção de websites. O uso destes componentes transformou o modo como as pessoas viam a Internet, que antes era estática e sem movimento e que passou a ser muito mais interativa e dinâmica.
O motivo de ter-se escolhido “Java” para denominar a nova tecnologia é envolto em mistério. Sabe-se que a troca do nome foi uma jogada de marketing. Porém, existem diversas lendas a respeito da razão de tal mudança. Uma delas é o fato de que as pessoas (nos EUA) tomam muito café quando navegam pela Internet – daí o nome Java, que é um tipo de café muito famoso entre os americanos.
A criação de uma plataforma chamada “Enterprise Edition” foi um dos grandes marcos na história do Java. Apesar de estar consolidada como uma linguagem robusta e confiável, ainda pairava na mente dos especialistas o peso da complexidade na criação de todo um ambiente para suportar a solução. A plataforma “Enterprise Edition” foi criada com o intuito de preencher esta lacuna, pois o tempo gasto em projetos seria focado apenas na criação da lógica de negócio. Diversas empresas de tecnologia investiram seus esforços na criação de servidores de aplicação que contemplassem essa nova plataforma, visando principalmente o espaço que se abriu no mercado corporativo de TI, que a esta altura já via com bons olhos a promessa de um ambiente que encaixava perfeitamente suas necessidades em projetos de missão crítica com tempo de desenvolvimento aceitável.
Desde a criação da plataforma “Enterprise Edition”, a evolução não parou. A tecnologia Java, como provedor de recursos nas grandes corporações, já é uma realidade. Agora os esforços se voltam para uma outra vertente. O desafio está em cruzar as paredes das grandes empresas e entrar na vida das pessoas, para fazer parte de seu cotidiano e ajudar na construção de uma vida melhor. Com o intuito de cumprir este objetivo, diversos dispositivos estão sendo incorporados à tecnologia Java, desde um simples celular passando por utensílios domésticos, automóveis e até mesmo robôs em Marte. Tendo em vista este cenário, muito em breve, ao serem perguntadas sobre o que é Java, as pessoas terão outra resposta na ponta da língua, ao invés de pensarem imediatamente em uma ilha na Indonésia.
*Eduardo Endo – Diretor acadêmico dos cursos de MBA da FIAP. Mestre em Tecnologia Aplicada, pós-graduado em Objetos Distribuídos com Java e graduado em Ciências da Computação, possui diversos certificados da tecnologia Java (SUN, IBM, Togaf, Cobit). É autor de artigos relacionados a TI, principalmente na área de Java e Orientação a Objetos, e conferencista na tecnologia Java. Possui mais de 10 anos de experiência em TI com vivência nacional e internacional (Ford Motor Company, Bradesco, Caixa Econômica, Sul América Seguros, Porto Seguro Seguradora). Atualmente, trabalha como Coordenador de TI da Porto Seguro Seguradora.