FIAP na China – Diário de Bordo RISE dia 1

12 de julho de 2017
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A FIAP atravessou o mundo para mostrar as novidades sobre tecnologias produzidas na Ásia. O correspondente da FIAP na China é o diretor de inovação Guilherme Pereira, que está em Hong Kong no maior evento de tecnologia, inovação e empreendedorismo da Ásia – o Rise.Confira os destaques que a FIAP preparou para você sobre do 1° dia do Rise:Pagamentos on-lineA primeira palestra do evento foi com John Collision, presidente da Stripe – uma startup de São Francisco que conseguiu se posicionar no mercado de pagamentos on-line. Eles acabam de lançar a integração para pagamentos via dispositivos IoT, WeChat e Alipay. “O mercado de pagamentos leva em conta questões culturais específicas de cada localidade. As pessoas fazem transações de forma diferente em cada lugar do mundo”, disse Collision, na abertura do evento.A estratégia da Stripe não é ser a primeira entrante nos países, eles querem entrar em mercados já desbravados por outros players. “Quando pensamos em desenvolver uma rede de pagamentos temos duas estratégias possíveis: criar a rede toda ou facilitar as redes presentes. Escolhemos não tentar criar toda a infraestrutura, mas sim focar no entendimento dos usuários nos momentos de transação mais comuns” ressalta Collision.Mitos e verdades da Inteligência Artificial Em um painel muito interessante, Zhifei Li (Mobvoi) e Vitaly Ponomarev (WayRay) discutiram sobre mitos e verdades da Inteligência Artificial. De carros autônomos ao uso de robôs gerenciais em empresas, muitas possibilidades ainda estão sendo exploradas. “As pessoas ainda estão assustadas com o que as máquinas podem fazer e precisamos que, principalmente os tomadores de decisão e políticos, não tentem parar este avanço apenas para conseguir seus votos através do medo das pessoas. Novos tipos de emprego vão surgir e as pessoas têm muito poder de transformação”.Segundo os palestrantes, há um dilema falso sendo espalhado pela imprensa: de quem é a culpa de um acidente de um carro autônomo? Os veículos autônomos têm sensores que superam os sentidos humanos, um ser humano não conseguiria fazer melhor. Já está acontecendo uma convergência para as plataformas de comando por voz, a inteligência artificial entende boa parte da linguagem natural.Estudantes e startups na China criam veículos autônomos com nível 3, usando sensores e celulares e existem sites com códigos abertosA reinvenção das empresasSpencer Fung (Li & Fung, empresa de logística) e Bracken Darell (Logitech – periféricos para PCs) falam sobre como suas empresas ficaram ultrapassadas e como estão se reinventando. “O que faz as pessoas ficarem presas no passado? Os hábitos e as zonas de conforto. Vivíamos em tribos que passavam muitos anos sem ter que enfrentar nenhuma mudança, mas hoje um modelo de negócio é testado todo dia”.As pessoas que conseguiram fazer histórias de sucesso nas empresas também são as que impedem as mudanças. Os palestrantes contaram que está acontecendo um processo em suas empresas em que identificam quem são aqueles que estão operando na borda, que são inovadores, e proporcionam a eles liberdade para criar.  “A Logitech foi criada no entorno dos PCs, tínhamos muitos espaços para criar novos periféricos. Estes espaços foram acabando e o PC também foi reduzindo o seu mercado. Não pensamos com rapidez sobre onde deveríamos estar no futuro” conta Bracken Darell.Produtos globais para consumidores locaisO criador do iFlix, Mark Britt, fala sobre como podemos identificar questões locais e criar um produto. Ele recriou o modelo do Netflix para mercados do Oriente e conseguiu atingir milhões de usuários.São vários os exemplos da necessidade de traduzir os serviços para comportamentos locais. O Go JEK foi criado com a inspiração do Uber, mas eles entenderam como a população de Jacarta fazia seus deslocamentos e quais eram suas principais dores e medos. “Estamos vivendo em um mundo muito conectado, mas as soluções locais são subestimadas”.Por exemplo, em alguns mercados menos de 1% da população tem cartão de crédito. Como fazer pagamentos de serviços on-line nestes mercados? Em alguns lugares, um motoboy vai buscar o pagamento em espécie das compras feitas on-line.Humano x RobôUma das atrações do 1° dia do Rise foi uma batalha ao vivo entre um diretor criativo de uma agência de publicidade e um robô com Inteligência Artificial (IA).Na primeira batalha, a IA ficou um pouco abaixo do diretor criativo. Mas, foi impressionante ver como um robô consegue trabalhar também com criatividade. Usando o neurosky, este robô ensina meditação.Investimentos e as Fintechs do futuro Representantes de vários dos maiores fundos de investimento da China debatem sobre o ano 2017 e onde apostar seus investimentos. O Brasil e a Índia são citados como países para prestar atenção e preparar investimentos. Este momento está particularmente mais próximo na Índia.Outro tema muito abordado foi sobre as Fintechs do futuro. Em pouco tempo, a maioria do dinheiro no mundo será invisível. As transações precisarão nos avisar para sabermos que elas de fato estão acontecendo. O maior banco do mundo hoje é o WeChat (uma espécie de WhatsApp). Uma gigantesca quantidade de transações acontece por intermédio dele.Os bancos estão sendo desafiados e uma das soluções é entender como que a experiência de uso poderia ajudá-los a fazer parcerias com startups e entregar soluções “whitelabels”. A primeira geração de fintechs queria acabar com os bancos. Hoje, a segunda geração está buscando mais parcerias entre fintechs e bancos para aumentar escala e exposição.Outra questão sendo discutida é sobre os robôs que fazem gestão de ativos financeiros e sugerem investimentos – robot-advisory. Melissa Guzy (Arbor Ventures) e Carey Kolaja (Citi Bank FinTech) enxergam problemas e dizem ainda não ver boas saídas e resultados.O mundo agora não tem mais fronteiras para transações financeiras e comércio. Ninguém pensava nisso 5 anos atrás, mas hoje é realidade através do blockchain.Entender o local e pensar no global O Grupo Alibaba investiu em um dos mais tradicionais jornais de Hong Kong. Segundo o cofundador do Alibaba, Joe Tsai, esta foi a melhor forma de explicar a China para o mundo. “A transformação deste jornal é também a transformação da China para o mundo. Olhar como os jovens são influenciadores da transformação da China é um driver importante para o grupo Alibaba” ressalta Tsai. Um dos motivos que gerou uma mudança rápida de grande parte da população foi o aplicativo WeChat (uma espécie de WhatsApp). “Imagine que em poucos meses, milhões de chineses começaram a usar o aplicativo para fazer negócios. Com esta aquisição queremos entender melhor as preferências e comportamentos de consumo de nossos usuários” afirma Joe Tsai.O Grupo Alibaba quer se tornar a quinta maior economia do mundo nos próximos 20 anos. “Nossa estratégia para globalização é conectar com empreendedores locais, que tem paixão e visão sobre o seu mercado. Eles entendem o local, e pensam no global como negócio” conclui Joe Tsai.A comunicação mobileAplicativos de mensagens estão trazendo novas experiências para a plataforma de conversas. Kavin Mittal, fundador do Hike, explica como o aplicativo agora vale mais de US$1 bilhão. “Trazer comportamentos off-line para o mundo on-line funciona muito bem”, afirma. Eles começaram procurando coisas que poderiam ser digitalizadas em uma plataforma de comunicação, que fosse tão fácil como enviar fotos para seus amigos.”Os aplicativos de comunicação ainda são focados em transações de um para um e muitas das coisas que fazemos no dia a dia são sociais. Realizamos diversas atividades em grupo como escolher qual cinema ir, que filme assistir, onde comer, como dividir a conta. Temos muito espaço para trabalhar”.O Hike nasceu na India, um país onde cerca de 1 bilhão de pessoas estão vivenciando sua primeira impressão da internet através de um dispositivo móvel. O acesso é majoritariamente feito por celulares e por isso as transações através de aplicativos são extremamente importantes. Através de Machine Learning, eles estão criando novas experiências para usuários. “Algumas das funcionalidades só precisam aparecer quando o usuário precisa delas, e o machine learning nos permite saber melhor sobre estas necessidades”.A diversidade nas empresas tecnológicas Um dos debates abordou o tema “Quotas para mulheres em empresas de tecnologia”. A diversidade de fato ajuda na criatividade e na inovação, e espaços com mais diversidade conseguem ver o futuro sob perspectivas diferentes. “Contratamos pessoas que se parecem conosco, pessoas que pensam parecido, e isto reduz a capacidade de inovação de uma empresa”, disse Phil Chen, da Presence Capital.Melissa Guzy, da Arbor Ventures, rebateu dizendo que “As startups precisam de diversidade. Mas não acredito em quotas pois o sexismo é apenas uma das coisas que você deve superar no dia a dia do seu trabalho. O ambiente de startups precisa de diversidade, mas qualquer tipo contribui, não apenas a de gênero”.No fim do debate, outra convergência surgiu: é melhor começar a trabalhar com o aumento de mulheres na tecnologia na formação básica (educação). ” Menos mulheres buscando cursos de engenharia e tecnologia causa um número reduzido delas no ambiente das empresas tecnológicas”, diz Melissa.O microcrédito no mercado mundial O CEO e fundador do Dianrong, Soul Htite, fala sobre os desafios de oferecer microcrédito no maior mercado do mundo. “90% dos dados foram criados nos dois últimos anos e temos que saber como lidar com isso para gerar valor para as pessoas”.Os bancos se tornaram parte da infraestrutura, como as empresas de energia e água. Abriu-se espaço para novas empresas lembrarem que no passado o gerente sabia mais do que o seu nome quando você ia na agência “Estamos mudando o papel do CFO – de Chief Financial Officer para Chief FinTech Officer. Os clientes estão definindo o futuro das Fintechs e precisamos não repetir o erro do passado: focar apenas em um grupo seleto de pessoas” ressalta Soul Htite.Captação de recursos pela bolsa de valoresRolf Schromgens, cofundador do Trivago, conta sobre a sua experiência em tornar a plataforma de comparação de hotéis e reservas em uma empresa listada na bolsa de valores.”Foi um passo lógico, ir para a bolsa nos ajudou a ser mais autênticos e assumir nossa identidade”. Ao abrir as ações na bolsa, a empresa não está apenas em suas mãos e isso pode ajudar a encontrar um caminho mais rentável. Em geral, startups preferem não ir à Bolsa para captação de recursos, mas para o Trivago foi uma forma de se separar da identidade da Expedia.As EdTechs As EdTechs são empresas de tecnologia voltadas para a educação. É um dos setores mais relevantes das startups no Brasil e no mundo. Denis Yang (udemy), Vince Chan (UnLearn), David Blake (Degreed) e Antony Chan (iTutor), realizaram um painel sobre o tema: Será que as EdTechs vão conseguir preparar as próximas gerações?A primeira questão nesta área tem a ver com as tecnologias cognitivas e a inteligência artificial: quais serão os empregos do futuro? Quais serão as competências necessárias? As EdTechs podem ser um caminho para a formação das novas forças de trabalho?A forma como aprendemos está passando por mudanças, e precisamos acelerar com novos formatos de educação.Tecnologia Chinesa – de copiadores à desenvolvedoresPara encerrar o 1° dia do Rise, especialistas discutiram sobre as mudanças da China nestes últimos anos. A automação e a produção de eletrônicos, o aumento do mercado consumidor e da classe média, os projetos governamentais de desenvolvimento das regiões e a inovação foram os fatores iniciais desta transformação. A capacidade de mudança do povo chinês é considerada um fator crítico, a adaptação às novas tecnologias e comportamentos são muito importantes.Não é preciso mais ir para o Vale do Silício em busca de investimentos. A China é um país de alta liquidez e não há falta de capital para empresas de tecnologia.  No último natal, 46 bilhões de transações financeiras aconteceram pelo WeChat (uma espécie de WhatsApp) em 5 dias.A Engenharia teve uma grande evolução e uma importante mudança ocorreu: o Made in China passou a ser Designed in China.WeChat – muito mais do que um aplicativo de comunicaçãoO WeChat foi criado em 2011, desenvolvido pela Tencent na China, e hoje é um dos maiores aplicativos de mensagens instantâneas do mundo. Mas, ele não é só isso. Além de realizar todas as funções do Whatsapp e do Facebook, ele tem diversos recursos como comprar e vender, receber e enviar dinheiro, fazer saque da sua conta bancária, dentre outras.O Wechat se tornou uma forte ferramenta para marcas, restaurantes, hotéis, agências de viagem e todos que desejam ser vistos por seus milhões de usuários. Também assumiu uma poderosa função bancária. Apenas em 2016, US$25.3 bilhões foram transacionados nesta plataforma. Além disso, outros US$23 bilhões foram gastos pelos usuários de telefonia em pacotes de dados para acesso ao WeChat. Um grande ecossistema de comércio eletrônico se formou a partir do uso do WeChat e hoje até mesmo a gorjeta dos garçons são feitas escaneando um QR Code e enviando diretamente para a conta do garçom o valor que você acha justo.Na China, o WeChat reúne todos aplicativos em um só e muitos usuários usam apenas o WeChat em seus celulares. As empresas estão utilizando o WeChat para criar programas de fidelidade, realizar pagamentos, divulgar promoções e sortear brindes. Dentre suas funções podemos destacar: pagamento de contas e gestão de contas bancárias; pedido de comida delivery; compras de roupas a ingressos de cinema; solicitação de táxis; agendamento de consultas médicas; posts em mídias sociais; transferências de dinheiro; check-in para voos e leitura de jornais e revistas.Hoje, podemos afirmar que o WeChat foi o precursor de uma mudança cultural e tecnológica na China. 19875391_188258835043356_9137354577072681115_n  

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